Museologia e Literatura de mulheres negras: Descolonização das percepções em Arte Decorativa

Resumo: 

O ensino e a prática museal no campo da Arte Decorativa estiveram durante muito tempo aliados ao modo de pensar colonial, privilegiando concepções artísticas europeias (principalmente o Barroco, o Rococó e o Neoclássico), sacralizando objetos de exceção, como se o uso dos objetos decorativos estivesse restrito às classes nobres europeias, nas metrópoles e nas suas representações coloniais. Esta pesquisa está articulada aos conteúdos da disciplina Arte Decorativa, do curso de Museologia da UFBA, que desde 2002, em contrapartida aos conteúdos eurocêntricos, tem buscado apresentar elementos argumentativos que estimulam a descolonização do olhar, através da apresentação de experiências de Arte Decorativa nas mais diversas sociedades e tempos, abrindo novas possibilidades de discussão do conteúdo (Mobiliário; Prataria e Ourivesaria; Cerâmica e Porcelana). Fase Projeto de Iniciação Científica: de forma interinstitucional, através do projeto ?Memórias que vêm das palavras: olhares museológicos para as literaturas de mulheres negras? - em parceria com a professora Drª Luzia Gomes Ferreira (ex-bolsista IC), para construção de reflexões e ações museológicas, através da formação de bolsistas do curso de Museologia nas duas Universidades. O projeto na UFBA visa compreender como os objetos de arte decorativa são decifrados nas obras literárias selecionadas, e suas interfaces com aqueles expostos nos espaços expositivos selecionados. O campo de estudo de objetos é muito fértil, passa pelos estudos de cultura material, biografia dos objetos, oferecendo suportes para a compreensão da relação entre humanos e objetos, sua produção, comercialização, uso, descarte ou salvaguarda. O exercício de ?tecer teias?, proposto pelo projeto interinstitucional, na etapa da UFBA buscará construir processos reflexivos e de ação museal, que possam provocar novas possibilidades de registros dos objetos nos museus de arte decorativa, que têm silenciado, em suas etiquetas expositivas, a presença dos corpos africanos e afrodescendentes, a verdadeira força motriz do enriquecimento de outrora. Além dos dois museus de arte decorativa, localizados no Corredor da Vitória, o espaço empírico do Memorial de Mãe Menininha do Gantois, por possuir elementos de arte decorativa, com destaques expositivos voltados para as memórias africanas e afro-brasileiras também será também estudado, de forma a observar as permanências e rupturas com a lógica expositiva hegemônica, assim como os elementos que fazem aproximação ao mundo da biografia dos sujeitos nos objetos, argumentos já observados em ações docentes na instituição. A pesquisa faz parte do Grupo de Pesquisa: Observatório da Museologia na Bahia.

Ano: 2020 - Atual

Professor-Coordenador: 

Joseania Miranda Freitas

Estudantes: 

 Luzia Gomes Ferreira; Sílvia Raquel de Souza Pantoja.